sábado, 16 de junho de 2012


                           Supremo escárnio


                   Quando tu dizes que a pedrada fere
                   mas nos desperta para a reacção
                   dando lugar à luta, que confere
                   ao vencedor a palma, tens razão.


                   Mas não menos a tens, quando referes
                   que é bem pior o escárnio sem defesa
                   de espécie alguma para rebateres
                   quem te reduz… na tua natureza.


                   Chamarem-te poeta talvez fosse
                   uma maneira atroz, mas agridoce,
                   de alguém querer ferir tua hombridade.


                   Mas, a meu ver, o ângulo por onde
                   mais fundo se atingiu tua vaidade,
                   Camilo, foi fazerem-te… visconde!


                           João de Castro Nunes
                  
                   

5 comentários:

  1. "Da minha língua vê-se o mar":
    o Mar e a Lusofonia

    :D


    No mar alto do Poeta, a quilha pena
    Vinca ondas no papel por navegar,
    Sereia dançando flores, tão pequena,
    Rascunhos de navios além-mar.

    Fundo búzio na saudade Ocidente,
    Nobres ecos de voz, pátria amada!
    Mirra a tinta no incenso Oriente
    E escreve o Poema p’la “estrada de nada”.

    Terra à vista é Camões, mão que amarra
    Salgada lágrima na viela da guitarra…
    - Espelho do Tejo, alguém mais Bela do que eu?

    E o Monstro rodou três vezes, Adamastor:
    - Ninguém é mais bela que tu, meu amor,
    Língua que nunca foi de mar, mas de céu!



    Nem o zarolho faria melhor! Vénia Mestre!

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  2. Vejo com satisfação, F.W., que trocou o cavaquinho pelo violino, quase um stradyvarius, rival do meu! Dou a mão à palmatória. De qualquer forma, ou seja, em todo o caso, leva-me a palma na alegoria, mas fica-me a dever na musicalidade. Nisto... estou eu mais perto do zarolho! Há que lhe passar a perna, "camoneando"! JCN

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  3. Corrijo a gralha "stradyvarius" por "stradivarius". JCN

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  4. Musicalidade?
    Bater martelinhos na hora certa... Tic-tac, tic-tac...
    O ritmo é uma avaria Mestre. Não se fie. O caos é feito de ritmo.

    O coração
    é o único que sabe
    a pulsação.
    Alegoria.

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  5. A alegoria não chega
    para fazer poesia
    que exige categoria
    nos elentos que emprega!

    JCN

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