quarta-feira, 13 de junho de 2012


                A par do conventinho


  Enquanto eu vivo for, todos os dias,
  na igreja do convento franciscano
  será rezada missa todo o ano
  por alma tua, como tu querias.


  Ao pé do cemitério onde descansas
  e onde eu espero repousar também,
  o conventinho está, donde provém
  um místico arrulhar de pombas mansas.


  Lá professou Fernando de Bulhões,
  o nosso Santo António de Lisboa,
  mas que primeiro foi dos Olivais.


  Vê lá tu, meu amor, que coisa boa
  vai ser os dois ficarmos em covais
  juntinhos escutando os seus sermões!


                            João de Castro Nunes

9 comentários:

  1. Neste momento, estou a ouvir Parsifal do Mestre Wagner. Prelude to Act I. Inspirador.

    A seguir, Tristan und Isolde. Pungente.

    No fim, Götterdämmerung - Immolation of the Gods. Libertador.

    Vai um soneto, JC?

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  2. Não é tarde nem é cedo, F.W., ao meu jeito, em forma de tríptico:




    Santo Graal
    (Tríptico)

    I

    Seja o que for que por detrás se esconda
    desta expressão acaso milenária,
    em termos de importância literária
    não fica atrás da saga da Gioconda.


    Que seja ou não o cálice sagrado
    à guarda de José de Arimateia
    depois de Cristo o usar na última ceia,
    no fundo é um conceito figurado.


    Sob este aspecto o Graal na sua essência
    é pura e simplesmente a convergência
    dos ideais…de cada criatura.


    Não tem forma nem cor, peso ou tamanho,
    não é de cobre ou ouro nem de estanho,
    pois mais não é que aspiração de altura!

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  3. II

    Tem cada qual um ideal na vida
    e tudo faz para o concretizar,
    nem sempre se encontrando uma saída
    para o que pretendemos alcançar.


    É caso para a gente recordar
    o frenesim da mística corrida
    dos paladins de outrora para achar
    a sagrada relíquia pretendida.


    Tratava-se da taça utilizada
    na sua última ceia por Jesus
    e desde a altura nunca mais achada.


    Apesar de tão puros como a luz,
    nenhum dos cavaleiros a encontrou,
    pois foi a mim que Deus a destinou!

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  4. III

    Tive obsessivamente um ideal
    desde menino e moço: haver à mão
    a demandada taça da Paixão
    sob o lendário nome do Graal.


    Imaginei-me às vezes Parsifal
    e outras Lancelote em comunhão
    com os seus ideais de perfeição
    ao serviço da luta contra o mal.


    Armado cavaleiro à moda antiga,
    acompanhei o próprio rei Artur,
    que me sagrou com sua Excalibur.


    Só eu, porém, tive a oportunidade
    de o encontrar… na tua intimidade,
    graças a Deus, amor, que te bendiga!


    João de Castro Nunes

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  5. Sabei-me dilcta companhia.

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  6. Mestre, não há como não me vergar
    A tamanho talento e lebre rapidez!
    Contudo, sou capaz de o ultrapassar
    Só um dos meus vale, dos seus, três!

    Verdi Mestre, Verdi. Messa da Requiem.
    Domine Jesu Christe.

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  7. Nada me dava mais gosto
    que vê-la passar-me à frente:
    eu de muito boa-mente
    lhe cederia o meu posto!

    JCN

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  8. Prefiro a música eslava,
    muito mais sentimental:
    era aquela que eu gostava
    de ouvir em meu funeral!

    JCN

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