O medo
O medo é primitivo: o medo existe
desde eras ancestrais, desde o começo
da criação e, por assim dizer, persiste
na actualidade, tenebroso, espesso.
Eu nem quero pensar o que seria
o pânico dos homens ao sentir
os ursos a rondarem noite e dia
as grutas, impedindo-os de sair!
Pior talvez, durante a Inquisição,
fosse encontrar na vida por acaso
um delator, um mísero vilão.
Havemos sempre, sem lugar nem prazo,
de medo ter, mesmo que apenas seja
do fisco, esse animal que nos fareja!
João de Castro Nunes
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