sábado, 2 de junho de 2012


                                Nada mais!


                   Se alguém por piedade resolver
                   na minha campa pôr algum letreiro,
                   não deverá fazê-lo sem primeiro
                   minha última vontade conhecer.


                   Nada de encómios, nada de elogios,
                   vaidade das vaidades, para quê?,
                   perante a morte, façam-me a mercê
de não me carregarem de atavios.


Com um pai-nosso e uma ave-maria
em duplicado sobre a pedra fria
para abranger minha mulher também,


mandem tão-só gravar esta inscrição
em caractéres… que se leiam bem:
“Amou e foi amado até mais não”.


         João de Castro Nunes


                   

4 comentários:

  1. Não me diga :) São que nem tremoços e pulam mais que pulgas estes seus exercícios de adolescente que aspira aos louros de Petrarca, quanto mais aos de Camões.

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  2. Vossemecê, sr. Dempster, não será o tal "cinzentão" do Platero, que na "Serpente Emplumada" se fartou de levar para tabaco, forte e feio, acabando por se retirar com o rabo entre as pernas, tal a sendeirice das suas aparvoadas... intervenções?! Estou em crer! Busca desforra, pá?... Ao que leva o ressentimento! Cá me encontra... de mangas arregaçadas, seu crítico... de merda! JCN

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  3. Manter aos noventa anos o espírito de "adolescente"... não é para todos, pá! Assim se fazem os Poetas! JCN

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  4. Olhò Saraiva, a pôr-se em bicos de pès! Vem-me à ideia
    a comparação que faz Vieira ao "cagalhão de pé... para parecer alguma coisa"! JCN

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