Camonear
Constitui crime ultrapassar Camões:
está determinado por decreto
unânime dos nossos curiões
que ele é o suprassumo do soneto!
Até Petrarca… ainda se tolera,
Bocage, Antero, Verde ou Pascoais:
tudo o que seja acima desta esfera
cai sob a alçada já dos tribunais.
Há, pois, que ter cuidado, não vá ser
que por um verso mais ambicioso
se tenha de ante a barra responder.
Por mim não faço mais que arremedar
algum soneto seu mais primoroso,
que é o que eu chamo de… camonear!
João de Castro Nunes
Um dia destes digo o meu nome só para poder ir a tribunal. Nunca fui.
ResponderEliminarNada há que pagur uma graça
ResponderEliminarprimando pela ironia:
faz sorrir e, quando passa,
não deixa ou causa alergia!
JCN
Enquanto o seu cavaquinho
ResponderEliminarnão conseguir afinar,
está livre de o meirinho
ao pelourinho a amarrar!
JCN
Quem seja vossemecê
ResponderEliminarnão consigo vislumbrar:
faça-me pois a mercê
de seu nome ortografar!
JCN
O meu nome é um efe com laço,
ResponderEliminarCapitão Gancho, bengala invertida…
Serpenteando em estreito espaço,
Em cima, o til dual da vida.
O W é M, tudo ao contrário...
Metal –catedral de cor cinzenta
Esperando anjos no corolário
Duma verdade em Morte lenta.
O resto, letras indefinidas
Sem alma de índio, palavra vazia.
Ambíguas formas, quimeras perdidas
Sem mar, nem terra, nem fantasia...
Não lhe consigo ainda dizer
Como me chamo nem ao que venho.
Sei apenas que gosto de o ler
E que tenho a alma do mesmo tamanho!
Porque o meu nome castro casto
Puro lho mostro, não fora a língua…
Serpente suspensa em estreito mastro
Que hei de matar de letras à míngua.
Assim FW permaneço inteira,
Insignificante significado.
Efe de faminta brincadeira
Woando consigo lado a lado…
À sibila de Cumas vou pedir
ResponderEliminarque me decifre a sua linguagem,
embora para já sua mensagem
um ar de si me deixe pressentir!
JCN
Mais que "pressentir", F. W., é "presumir". JCN
ResponderEliminar