Velório
Que podemos dizer de uma nação,
dum povo, dum país, quando uma festa
de exaltação do espírito se presta
a mais não ser que fúnebre oração?!
Foi esta a sensação que tive ouvindo
Eduardo Lourenço discorrer
na cerimonia em que ia receber
o prémio a que se estava referindo.
Num tétrico ambiente de finados,
parecia um responso encomendando
a alma dos nossos reis embalsamados.
Para a cena compor, faltavam só
as carpideiras que, de quando em quando,
com suas choradeiras… metem dó!
João de Castro Nunes
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