Mar aberto
Ressoa no meu búzio a voz do mar,
o mar aberto, atlântico, brumoso,
o mar das algas, verde, tenebroso,
o mar que só Camões soube cantar.
Nunca o sulcou a curva nau de Ulisses
nem a trirreme helénica e romana,
mar que a esforçada gente lusitana
despovoou de mitos e crendices.
Contrariamente ao roxo mar fechado,
por Homero e Vergílio celebrado,
não se ouve nele o canto das sereias.
Ouve-se o vento rijo das procelas
fazendo balouçar as caravelas
que sinto navegar nas minhas veias!
João
de Castro Nunes
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