Culpa assumida
Senhor! não penses que me julgo acima
do comum dos mortais, pelo contrário:
tirando por mim próprio alguma estima,
não acho nada em mim de extraordinário.
Sou como os outros, sem tirar nem pôr,
salvo no drama que me aconteceu:
fui tão amado e amei com tanto amor
que tudo o resto se desvaneceu!
Foi este o meu pecado principal
que poderás levar a tribunal
se amar demais é contra a tua lei!
A ser assim, confesso que pequei
mas como o reconheço de antemão
dá-me, Senhor! a tua absolvição!
João de Castro Nunes
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