Por se encontrar à venda ao desbarato
comprei um dia num antiquário
da praça de Lisboa, ao pé do Rato,
um S. João de pedra de calcário.
Tem todo o ar de peça quinhentista:
vestido com a pele de cordeiro
peculiar de S. João Baptista,
não é produto de vulgar canteiro.
Pelo seu porte escultural, solene,
de helénica e soberba anatomia,
atrevo-me a pensar em Chanterenne.
Seja qual for o artista de renome,
comprei-o, sem olhar ao que valia,
tão-só por ser o santo do meu nome!
João de Castro Nunes
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