quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Entre dois fogos

Por amor de ambos, tive o meu calvário,
o coração partido entre dois fogos,
qual deles mais tenaz e temerário,
perante os quais eu me desfiz em rogos.

Pedi ao nobre pai que me gerou,
em prol do soberano meu marido,
sobrinho que aliás ele criou,
se desse por culpado e arrependido.

Ao meu real esposo muito amado,
primo em primeiro grau, eu implorei
que desculpasse o agravo feito ao Rei.

Rogos inúteis, tudo foi baldado:
tomando cada qual sua bandeira,
terçaram armas em Alfarrobeira!

João de Castro Nunes

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