terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Camões

Quando procuro acaso vislumbrar
tuas feições, teu porte, o teu retrato,
não te consigo nunca imaginar
vestido de chapéu, lacinho e fato.

Tristonho, acabrunhado, reduzido
à condição de mero escriturário,
não te concebo inscrito num partido
ou candidato a um posto de bancário.

Em ti encarno, em termos de figura,
o Portugal do sonho e da aventura
com uma mão na pena outra na espada.

Vejo-te altivo, mesmo na desgraça,
brindando à vida pela mesma taça
por deuses e por ninfas empunhada!

João de Castro Nunes

Sem comentários:

Enviar um comentário